domingo, 17 de outubro de 2021

Recrudescer



 

raízes rompem o concreto

sol e água o mato cresce

logo a vida recrudesce 

por cima desses escombros

 

guarda-chuva e máscara

você se aproxima 

olhar perto, olhar longe

chuva e poesia.

 

à tarde as ruas gritam

nas madrugas, sangram

nas manhãs, estancam

nos domingos sorriem 

 

velhos, mulheres e crianças

adornados por lembranças

vivas do porvir.

 

Vida e morte na cidade.

 




 


 





domingo, 29 de agosto de 2021

saga sede

cores vivas puras

cortam a dureza das ruas

para quem quiser ver

 

saga sede esquisita

violenta como a vida

estranha sede de viver

 

um soco, uma partida

violenta assim é a vida

quando quer acontecer 

 

primavera resoluta

impressa à força bruta

insiste em florescer





soneto da chuva fria

             

            a raiva inunda...

            a fúria nada muda.

            quando finda tempestade

            a ferida se aprofunda  

  

            as horas sempre passam

            a fúria dura fura 

            como frio do inverno 

            que ainda perdura 

 

            o chiado do céu cinza

            derrete sob as minhas retinas

            cai agora a chuva fina


            suave e fria ela desliza

            o que se aproxima?

 



 

 

 



sábado, 28 de agosto de 2021

ladrilhos


pretos e brancos

ladrilhos se alternam 

cacos quebrados 

na parede do cemitério


desenhos e mosaicos

ladrilhos em círculos

levemente espelhados

frios e lisos

 

no paço interno.

no passeio do cemitério 

empilhados num canto 

ladrilhos singelos

 




 




quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Unindo partes

Resquícios

Armadilhas do ego
Fragmentos do passado
Resquícios soltos no tempo
De gestos inacabados

Um passo, atento;
olho para o lado, um passado
Uma folha ao vento

chegou o seu momento

de voar ao nosso lado

 

Desprendidamente

seu voo inconsciente 

firmou o nosso pacto

o momento presente

 

 

 

quarta-feira, 13 de maio de 2015